O que desencadeia uma crise de dor lombar?

O que gera uma crise aguda de dor lombar?

Foi isso que um estudo realizado na Austrália, com a participação de quase 1000 indivíduos que tiveram uma crise de dor aguda (com ou sem dor se espalhando pela perna), buscou responder (1). Nele, pacientes que tiveram dor aguda intensa recentemente (há menos de 7 dias) relatam o que parece ter promovido o surgimento da crise.

Destaca-se a importância desse tipo de informação, que indica os fatores de risco de curto prazo para o surgimento das dores, em contraste ao que vimos anteriormente, que são fatores de risco de longo prazo.

O que foi encontrado pelos pesquisadores?

Em primeiro lugar, a maior parte das crises de dor parece se iniciar de manhã, entre as 7 horas e o meio dia.

Agora, o que parece ter iniciado às crises? Na maior parte das vezes, o gatilho da crise parece ter sido realizado logo antes do seu início (até 2 horas antes).

Os gatilhos de destaque foram (exemplos entre parênteses):

. esforço físico em posturas alteradas

(fazer jardinagem agachado ou curvado);

. esforço físico segurando objeto distante do corpo

(carregar objeto que não podia ser mantido próximo ao corpo);

. esforço físico com cargas pesadas

(carregar 50 caixas de 15 quilos - uma por vez - do chão até um banco na altura da cintura);

. esforço envolvendo pessoas ou animais

(levantar/segurar bebê, por exemplo);

. esforço físico com objetos desequilibrados, difíceis de segurar

(carregar uma escada de 4 metros do carro até a garagem);

. atividade física moderada ou intensa

(cortar a grama / correr 10 kms a 5 mins/km, por exemplo);

. estar distraído durante atividades ou tarefas diárias  - atenção, estar distraído foi o comportamento que demonstrou maior relação de todos os fatores analisados.

(se distrair com choro do bebê ao pegar caixa pesada do porta-malas, e a caixa escorregar);

. fadiga ou cansaço

(por razões diversas, ter sono muito ruim durante a noite)

Outro resultado observado é que esses gatilhos não foram influenciados por fatores como IMC, número de episódios anteriores de dor lombar, depressão ou ansiedade.

Vale ressaltar a continuação desse estudo (2), que acompanhou os mesmos indivíduos ao longo de um ano, visando verificar se alguns gatilhos poderiam estar mais relacionados ao desenvolvimento de dor crônica ou não. Isso não foi observado, ou seja, não foi possível identificar quem iria desenvolver dor crônica com base no tipo de gatilho que gerou a dor inicial.

Dessa forma, parecem existir uma série de fatores de risco de curto prazo, evitáveis, que favorecem o surgimento das dores lombares. Estar atento a eles e, quando apropriado, modificá-los, pode ser uma estratégia importante para se diminuir o risco de dores, seja em ambientes de lazer ou de trabalho.

Referências Bibliográficas

1. Steffens D, Ferreira ML, Latimer J, Ferreira PH, Koes BW, Blyth F, et al. What Triggers an Episode of Acute Low Back Pain? A Case-Crossover Study: Triggers for Low Back Pain. Arthritis Care & Research. 2015 Mar;67(3):403–10.

2. Machado GC, Ferreira PH, Maher CG, Latimer J, Steffens D, Koes BW, et al. Transient physical and psychosocial activities increase the risk of non-persistent and persistent low back pain: a case-crossover study with 12 months follow-up. Spine J. 2016 Aug 5;